Está se sentindo frustrado com o que ocorre ao seu redor? Seguem abaixo algumas citações do livro Tao-te King, de Lao Tzu, com textos e comentários de Richard Wilhelm e tradução de Margit Martincic. Talvez a leitura seja mais produtiva tendo em mente dois comentários de Wilhelm:
“...a eternidade do Tao baseia-se no fato de que todos os seus movimentos retornam para o interior de si mesmo. Através dele anulam-se todos os antagonismos, porque estes se compensam mutuamente, convertendo-se cada movimento no seu oposto. Quando as coisas ficam fortes, então elas morrem; é a firmeza e a rigidez ligada a essa força que justamente induzem à morte.”
“A vida está sempre no todo e jamais na parte isolada e, por isso, a natureza também não conhece o amor segundo a maneira dos homens; todos os seres, na verdade, participam da sua superabundância; se, n entanto, quisessem reter algo dela para si mesmos, cairiam, justamente devido a isso, à mercê da morte.”
TRECHO 1
“Trinta raios cercam o eixo:
a utilidade do carro consiste no seu nada.
Escava-se a argila para modelar vasos:
a utilidade dos vasos está no seu nada.
Abrem-se portas e janelas para que haja um quarto:
a utilidade do quarto está no seu nada.
Por isso o que existe serve para ser possuído
e o que não existe, para ser útil.”
TRECHO 2
"O que queres comprimir,
primeiro deves deixar que se expanda bem.
O que queres enfraquecer,
primeiro deves deixar que se fortaleça bem.
O que queres destruir,
primeiro deves deixar que desabroche bem.
Àqueles de quem queres tirar,
primeiro deves dar o bastante.
Chama-se a isso ´conhecer bem o invisível´.
A brandura triunfa sobre a dureza.
A fraqueza triunfa sobre a força.
Não se deve tirar o peixe das profundezas.
Não se deve mostrar ao povo
Os meios de ação do reino.”
TRECHO 3
“O Tao é um eterno não-fazer,
e mesmo assim nada fica sem ser feito.
Se os príncipes e os reis souberem como preservá-lo,
todas as coisas se farão por si mesmas.
Se elas se fizerem por si mesmas, provocando a cobiça,
eu as desterro pela simplicidade que não tem nome.
A simplicidade que não tem nome gera a ausência de desejos.
A ausência de desejos cria a serenidade
e o mundo se endireita por si mesmo.”
TRECHO 4
“Quando ingressa na vida,
o homem é tenro e fraco;
quando morre,
é duro e forte.
Ao entrarem na vida, as plantas
são tenras e frágeis.
Quando morrem,
são secas e duras.
Por isso os duros e fortes
são companheiros da morte,
e os tenros e frágeis
são companheiros da vida.
Por isso:
Se as armas são fortes, não sairão vitoriosas;
Quando as árvores são duras, são abatidas.
O que é grande e forte diminui.
O que é suave e fraco prospera.”
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