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Foto do escritorRicardo R. G. Albuquerque

O Melhor da História em Romances


Phil Goodwin/Unsplash

Romances históricos trazem um atrativo a mais para quem gosta de ler. Entrar em contato com detalhes da vida de personagens históricos é uma forma de viajar no tempo, fugindo da aridez das publicações especializadas ao preço de licenças poéticas e dramáticas que muitas vezes alteram os fatos originais.

Através destes relatos, percebemos que muito do que existe hoje e que consideramos tradicional e/ou moderno vem de fontes muito mais antigas. Por exemplo, o sacerdote máximo de Roma era chamado de Pontifex Maximus. O tempo passou… e o papa, no Vaticano, é o Pontífice, o líder supremo da Igreja Católica.

Colleen McCullough

Bertrand Brasil

Este é o primeiro volume de uma das mais ambiciosas séries de romances históricos, intitulada Senhores de Roma, da escritora australiana Colleen McCullough, muito conhecida pelo best seller Pássaros Feridos. Não é leitura para os fracos: são 868 páginas, e os seguintes - O Favorito de Fortuna, A Coroa de Ervas, As Mulheres de César e César - também seguem a mesma linha. Todos incluem glossários com explicações detalhadas sobre variados aspectos da vida romana.

No total, são sete obras, duas das quais ainda não foram traduzidas para o português: The October Horse e Antony and Cleopatra. Escritos na década de 90, eles formam um painel completo das décadas finais da República romana, tema aproveitado mais tarde por vários romancistas e por séries tais como Roma, da HBO.

Conforme notado por historiadores, a autora tomou várias liberdades: César é apresentado como um herói incorruptível e seus adversários como conservadores medíocres; Sula (ou Sila, como costuma ser grafado no Brasil) é um vilão completo, assassinando friamente quem se interpunha em seu caminho.

Mesmo que com todas as licenças artísticas (que, afinal de contas, são inevitáveis num trabalho desse tipo), para quem gosta de temas relacionados à história de Roma, é uma excelente leitura.

Hilary Mantel

Editora Record

A autora inglesa aborda um ângulo interessante dos dias mais agitados da Revolução Francesa: o olhar feminino e o de personagens menos conhecidos, como o casal Camille Desmoulins e Lucille Duplessis, mas também se apoia em ícones como Danton e Robespierre. O livro é atmosférico, intenso, sem deixar de lado as inevitáveis cenas de personagens guilhotinados.

Da mesma autora, mas agora retratando Henrique VIII e suas esposas, Wolf Hall e O Livro de Henrique são outras leituras absorventes sobre os conflitos da Inglaterra na época, que levaram à criação da Igreja Anglicana e ao rompimento com o Vaticano.

Valerio Massimo Manfredi

Editora Rocco

Livro que costuma aparecer em sebos na versão em três volumes, a biografia romanceada do conquistador macedônio tem uma versão atual com mais de 600 páginas. Corretamente, é apresentada como sendo “para jovens”, mas também pode interessar quem quer conhecer um pouco mais da incrível história do jovem que conquistou grande parte do mundo até então conhecido pelos europeus antes de morrer, aos 33 anos.

Alexandre é apresentado como um herói, sábio e compreensivo, como provavelmente o fez seu principal biógrafo, Calístenes (que, apesar disso, não escapou de cometer suicídio em meio a intrigas da corte). O tom épico da narrativa e a precisão de alguns acontecimentos históricos servem para manter o interesse até o fim.

Conn Iggulden

Editora Record

É o primeiro livro de outra série de romances históricos, desta vez sobre Gengis Khan, de autoria do romancista britânico. Tive a oportunidade de ler o primeiro e o segundo (Os Senhores do Arco) e, assim como o livro de Manfredi, trata-se de literatura adequada para jovens, que não dispensa alguns mitos criados sobre o conquistador mongol.

Mas traz também a dureza da vida da época, além do interessante contraponto entre os ávidos e determinados mongóis e o desdém e a superioridade dos chineses, com a inevitável derrota dos últimos.

Noites Antigas

Norman Mailer

Nova Fronteira/Ediouro

Este livro é mais fácil de achar em sebos do que em livrarias. Outra obra de fôlego, talvez umas 1 mil páginas na edição brasileira, uma incursão de um dos gigantes literários norte-americanos no Egito antigo. Os mitos religiosos fascinantes dos egípcios se misturam com a realidade do dia a dia para mostrar um protagonista que reencarna e convive com poderosos de mais de três mil anos atrás.

Há muita sensualidade, violência e descrições cruas do cotidiano (com destaque para as cenas do harém do faraó, que tinha todos os seus intercursos minuciosamente anotados para garantir a paternidade dos filhos que viesse a ter com as concubinas), tudo no estilo típico de Mailer, que jamais usa uma palavra quando poderia usar quatro (ou 10). Mas a leitura vale a pena.

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