top of page
  • Foto do escritorRicardo R. G. Albuquerque

No compasso de muitas esperas


Christopher Lemercier/Unsplash

Isolamento, vírus, vacinas e medicamentos... o fato é que o mundo inteiro entrou em compasso de espera em 2020. Esperamos pela suspensão do lockdown, pela volta ao trabalho (ou por um novo emprego), pela volta às aulas, por uma vacina ou medicamentos eficazes ou, simplesmente, que o vírus desapareça, assim como ocorreu em epidemias anteriores.

É apenas um palpite, mas acredito que a angústia sentida por tantas pessoas não se deve somente aos riscos da covid19, e sim porque ainda não existem datas definidas para o fim da maioria dessas esperas. Tanto quanto a população em geral, as autoridades foram pegas de surpresa pela eficiência do vírus e os protocolos existentes para outras doenças não deram resultados esperados. Por isso, novos protocolos e procedimentos estão sendo postos em prática aos poucos.

Porém, será que esperar é uma atividade tão estranha assim ao nosso cotidiano? Ao menos de acordo com pesquisas divulgadas na internet, não. Independente da precisão dos números citados a seguir (e confesso que não fui buscar a fonte de cada um deles, já que meu objetivo é apenas um texto bem-humorado. Ou seja, não espere muito em termos de dados científicos). Pelo jeito, grande parte de nossa existência é passada esperando alguma coisa.

ESPERAS DOMÉSTICAS

Por exemplo, falando ao telefone. Uma pesquisa feita em 2013 com 500 usuários de serviços ao consumidor via telefone nos EUA revelou que eles passavam até 20 minutos por semana aguardando atendimento, o que equivaleria a 13 horas por ano ou, numa extensão de vida média, 43 dias ao longo de toda uma vida. (Tenho que confessar: a empresa que divulgou essa pesquisa nem sequer existe mais. Mas os dados continuam na internet.)

Outras esperas domésticas incluem aguardar o carregamento dos serviços de streaming, contemplando o logo das empresas (nove minutos por dia); a chaleira ferver (12 minutos); ou a comida ficar pronta em forno de micro-ondas (oito minutos), estatísticas referentes ao Reino Unido. Mas nem sempre isso é aparente: por exemplo, especialistas canadenses acreditam que passamos sete anos de nossas vidas simplesmente deitados na cama, contando com a chegada do sono.

AGUARDE ANTES DE IR

E se pudesse sair à rua e ter suas atividades normais? Bem, dados dos EUA – que devem ser extrapolados para cima nas condições brasileiras – revelam que usuários de transporte coletivo nos EUA passam 20 minutos por dia aguardando um ônibus ou trem. No Brasil, essa espera pode chegar a 1h20. No Reino Unido, pode chegar a 42 minutos diários o tempo consumido aguardando por amigos ou pela chegada de ônibus ou trens.

Uma ampla pesquisa realizada sobre tempo passado no trânsito em 2014 revelou que os italianos são os campeões, com 123 minutos diários em média, seguidos pelos israelenses (117 minutos). Outro dado revela que a espera pelo sinal verde pode totalizar duas semanas da vida média de uma pessoa. Isso numa perspectiva otimista, já que encontrei outros cálculos que indicariam que numa extensão de vida média de 75 anos, esse período pode chegar a 4,7 meses.

… E O LONGO PRAZO?

São dados curiosos, mas revelam que há um padrão de pequenas esperas no cotidiano. Mas e o que dizer das grandes esperas? Quando criança, aguardamos aniversários, natais e a chegada das férias; mais tarde, a espera se transfere para os relacionamentos, a educação superior e os empregos. O casamento traz novas oportunidades, como a chegada dos filhos, a casa nova e a aquisição de bens cobiçados.

Entretanto, nada pode superar a espera pelo fim dos tempos. Em outubro de 2019, a polícia descobriu que seis jovens holandeses, liderados por um austríaco de 58 anos, estavam vivendo há anos completamente isolados num cubículo de uma casa de fazenda numa aldeia nos Países Baixos. O motivo? Bem, aparentemente aguardavam o fim do mundo, até que o homem teve um derrame e um dos jovens saiu para pedir ajuda. Essa espera durou nove anos...

Kommentare


Voltar ao Topo
bottom of page