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  • Foto do escritorRicardo R. G. Albuquerque

A moça e as pedrinhas (ou como ser objetivo e original ao tomar decisões)


Manuel Sardo/Unsplash

Num momento de crise, a tomada de decisões torna-se mais importante do que nunca. São tais momentos que destacam aqueles que conseguem enxergar os problemas com objetividade, um termo que pode ser substituído, em grande parte das ocasiões, por outro, tão antigo quanto confortável: o bom senso.

A objetividade oferece várias vantagens, entre as quais a de economizar a energia desperdiçada em considerações subjetivas que em nada contribuem para levar situações de crise a um bom termo. No entanto, nem sempre o fato de ser objetivo em si mesmo é a melhor resposta – há o risco de se fixar em padrões repetitivos de comportamento que ignoram aspectos do problema que são novos e, portanto, requerem abordagens diversificadas.

Uma das soluções é aplicar o chamado pensamento lateral. O termo foi cunhado por Edward de Bono no final da década de 60 em oposição ao chamado pensamento vertical, voltado para a lógica convencional. Para Bono, o pensamento lateral seria a explicação para o surgimento de ideias inovadoras ao longo dos tempos. Na prática, significa abordar um problema de uma forma diferente da convencional, encontrando respostas para questões que à primeira vista pareceriam insolúveis.

JOGANDO A PRIMEIRA PEDRINHA

Na obra clássica O Pensamento Lateral, ele usa a história das pedrinhas para exemplificar seu conceito. Nela, um mercador endividado – e que tem uma bela filha – é procurado por um agiota a quem deve dinheiro. Ele faz uma proposta enganosamente simples. Para ajudar o pai, a moça deveria apanhar uma pedrinha de uma sacola que conteria apenas duas pedras, uma preta e uma branca.

Se a pedra branca fosse a escolhida, a dívida seria cancelada; porém, se a jovem pegasse a pedra preta, ela se casaria com o agiota, que perdoaria a dívida. Nos dois casos, a dívida seria perdoada, com a única diferença é que, num dos resultados, a filha teria de se casar com o agiota. Se optasse pela terceira opção, recusando-se a participar do jogo, o pai seria denunciado pelo agiota à Justiça e iria para prisão por causa da dívida.

A filha concorda com a proposta e o agiota pega duas pedras do passeio lotado de cascalhos. Ardilosamente, porém, escolhe duas pretas, colocando-as com rapidez na sacola. A moça percebe o truque, mas aí surge o dilema. Se denunciasse o agiota por fraudar o jogo, estaria se recusando a participar e o pai iria para a prisão; se pegasse uma das pedrinhas, não teria alternativa a não ser se casar.

Mas a moça tem uma ideia. Ela pega uma das pedras pretas da sacola e, num movimento rápido, a deixa cair no chão. E lamenta: “Como sou desastrada! Mas não tem importância... É só ver qual pedra restou no saco para ver qual a cor da que caiu, não é?”

(Publicado no LinkedIn em 15 de abril de 2020)

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