top of page
  • Foto do escritorRicardo R. G. Albuquerque

Gostou do conteúdo? Então patrocine!



Sou aficionado por jogos de computador e acompanho há alguns anos um simpático gamer norte-americano chamado Xavier Wynns, que divulga vídeos sobre jogos de estratégia em seu canal do Youtube e, eventualmente, faz transmissões ao vivo via Twitch. Recentemente, Xavier divulgou um apelo via Youtube: a menos que houvesse um crescimento do número de patrocinadores (via Patreon), o canal encerraria as atividades em breve.


O apelo trouxe um resultado positivo imediato, com muitas mensagens de incentivo e novos participantes e patrocinadores. E isso chamou minha atenção para fenômeno do patrocínio direto a criadores na Internet. Desde a publicação direta de livros e vídeos até a formação de comunidades com interesses específicos, existem oportunidades de ganhar dinheiro diretamente, e não apenas por intermédio de porcentagens de anúncios online e/ou da inclusão em planos de marketing digital de empresas.


As doações no Brasil


Está cada vez mais fácil doar dinheiro pela rede. Há uma grande variedade de mecanismos disponíveis, ainda que os brasileiros ainda usem pouco estes recursos: de acordo com o Giving Report Brazil 2019, pesquisa divulgada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), os brasileiros preferem doar diretamente e em dinheiro. E a maior parte destas doações vai para instituições religiosas/igrejas, de acordo com 52% dos entrevistados.


Entretanto, a pesquisa mostrou também que 33% dos entrevistados doavam como forma de patrocínio a pessoas sem interesse comercial, uma tendência bem estabelecida, já que no relatório relativo a 2017 o mesmo percentual ficou em 32%. No geral, a quantia típica doada foi de R$ 200,00 e a parcela da população com faixa de renda acima de R$ 50.000,00 mostrou-se mais disposta a fazer doações.


Conteúdo pago


O Patreon, uma das plataformas mais utilizadas no Youtube, afirma que é utilizado por uma grande parcela de criadores: podcasters, músicos, videomakers, escritores, jornalistas, educadores… A principal característica deste tipo de plataforma é a contribuição mensal de pequenos valores, com o propósito básico de permitir aos criadores um fluxo constante de novos materiais.


É bastante comum que produtores de conteúdo no Youtube façam menção ou exibam uma lista de patrocinadores no final de cada vídeo, além de outras formas de agradecimento. Nos canais de jogos, por exemplo, os patrocinadores podem se transformar em personagens das partidas de games, desde que o jogo em si permita essa possibilidade.


No Brasil, os aplicativos são voltados para as doações assistenciais, como o Vakinha, Joyz e Inti. No caso dos games, o Twitch reúne uma série de alternativas para remunerar os produtores de conteúdo com base em subscrições. E a Amazon oferece uma plataforma de publicação direta para escritores com a promessa de repassar 70% do valor de venda.


Oportunidades e dilemas


As oportunidades de remuneração estão crescendo. Falta produzir conteúdo de qualidade – e chamar a atenção do público-alvo, o que representa, na verdade, um dos desafios da atualidade. Quem paga também tem seus próprios dilemas: será que vale mais a pena assinar uma infinidade de canais de streaming ou um produtor de conteúdo específico com o qual você se identifica? Doar para uma causa assistencial ou para o seu gamer/youtuber/artista predileto?


Creio que entre os aspectos fundamentais nesse novo mercado estão a novidade (disponibilização constante de material novo), qualidade na execução (a não ser que a precariedade seja uma forma de atração, conforme acontece em vídeos virais no Youtube) e a formação de comunidades – a satisfação de participar de um grupo costuma ser um poderoso incentivo para as doações. Como sempre, alguns irão conseguir e outros não – mas a simples existência de novas possibilidades parece ser animadora.

(Publicado originalmente no LinkedIn em 9 de março de 2020)

Comentários


Voltar ao Topo
bottom of page