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  • Foto do escritorRicardo R. G. Albuquerque

Fofoca é inevitável. Aprenda a lidar com ela



Interações pessoais são complexas. Em qualquer tipo de relacionamento, há possibilidade de conflitos e disputas – e o ambiente profissional não é exceção. Mais cedo ou mais tarde, você vai se ver envolvido em algum tipo de comentário depreciativo ou elogioso: a velha e boa fofoca. Afinal de contas, isso é uma coisa boa ou ruim?


No livro O Poder da Reputação, o escritor John Whitfield destaca que a interação pessoal cria ondas de informação que repercutem. Segundo ele, “a maneira como [as pessoas] se comportaram no passado tende a ser uma boa indicação de como vão se comportar no futuro, de modo que, ao detectar e interpretar essas ondas, os outros decidem se devem confiar em nós ou nos evitar”.


Sorriso e defesa


Assim, por exemplo, um estudo mostrou que o simples fato de ser alvo do sorriso de uma mulher fazia com que um homem fosse considerado mais atraente por outras. Mais ainda, esta forma preliminar de avaliação não exclusivamente humana. Outras espécies animais (inclusive peixes e pássaros) observam outros da mesma espécie antes de tomar decisões, privilegiando os comportamentos com melhores resultados.

A fofoca é considerada de forma negativa em termos morais, ainda que seja uma prática comum – um estudo mostrou que falar mal dos outros pelas costas ocuparia 5% do tempo das pessoas, em média, mas é um resultado questionável, já que não se definiu exatamente o que seria uma crítica. Qual a atração desta prática? Bem, imagens negativas tendem a prender mais a atenção do cérebro. É uma forma de evitar riscos futuros.

Por isso, a fofoca funcionaria também como uma forma de defesa de grupos contra membros que não contribuem de forma positiva, servindo como uma espécie de “reação imunológica”. De acordo com Whitfield, os comentários negativos identificavam uma ameaça, espalhando a notícia pelo corpo social e ativando sistemas de defesa que atacavam a reputação do membro negativo, com o objetivo de enquadrá-lo ou expulsá-lo do grupo.


Uma questão de status


Outro estudo mostrou que a fofoca tem impacto como mecanismo de melhoria de status. As pessoas tendem a espalhar notícias boas sobre amigos e parentes e ruins de rivais, inimigos e superiores. Esta é uma guerra que estamos vendo diariamente nas redes sociais, com grupos organizados, especialmente políticos, dedicados a defender seus aliados e atacar seus adversários.


Na verdade, as formas mais inofensivas de fofoca já são consideradas como uma habilidade social (veja, por exemplo, este artigo sobre o assunto). No capítulo do livro que dedicou ao tema, Whitfield conclui que, afinal de contas, a única coisa pior do que uma sociedade de fofoqueiros... é uma sociedade sem fofoca!

(Publicado originalmente no LinkeIn em 6 de maio de 2019)

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